Porque as Pessoas Não Gostam do Próprio Nome?
Uma pessoa não tem poder sobre o próprio nome: é algo que foi escolhido pelos seus pais e tem de ser aceite. A maioria aceita, mas muitas pessoas (mais do que se pensa) não gostam do próprio nome, pelas mais variadas razões. Ainda assim, a maior parte dos pedidos de alteração de nome são feitas por circunstâncias de casamento, divórcio e mudança de género.
Em 2008, um caso muito curioso chegou aos tribunais da Nova Zelândia. Uma menina de 9 anos, chamada Talula Does The Hula From Hawaii (Talula faz a Hula do Hawaii) pedia em tribunal a mudança de nome, sendo representada por um advogado. A criança em questão sentia-se tão envergonhada pelo nome e temia ser motivo de chacota. O seu nome não era conhecido nem mesmo pelos seus amigos, sendo apenas chamada de “K”. O seu advogado argumentou que os pais não pensaram nas consequências que tal nome traria à criança e o juiz, Rob Murfitt, decidiu em favor da mudança de nome e criticou arduamente os pais que escolhiam nomes embaraçosos e ridículos para os seus filhos, tais como Number 16 Bus Shelter, Midnight Chardonnay ou Fish and Chips. Como resultado deste julgamento, a Nova Zelândia decretou uma lista de nomes proibidos, considerados abusivos para o bem-estar das crianças.
Em 2008, um caso muito curioso chegou aos tribunais da Nova Zelândia. Uma menina de 9 anos, chamada Talula Does The Hula From Hawaii (Talula faz a Hula do Hawaii) pedia em tribunal a mudança de nome, sendo representada por um advogado. A criança em questão sentia-se tão envergonhada pelo nome e temia ser motivo de chacota. O seu nome não era conhecido nem mesmo pelos seus amigos, sendo apenas chamada de “K”. O seu advogado argumentou que os pais não pensaram nas consequências que tal nome traria à criança e o juiz, Rob Murfitt, decidiu em favor da mudança de nome e criticou arduamente os pais que escolhiam nomes embaraçosos e ridículos para os seus filhos, tais como Number 16 Bus Shelter, Midnight Chardonnay ou Fish and Chips. Como resultado deste julgamento, a Nova Zelândia decretou uma lista de nomes proibidos, considerados abusivos para o bem-estar das crianças.
O caso português é extraordinário quando comparado com os dos outros países: a existência de uma lista do Instituto dos Registos e Notariado (IRN) faz com que nem todos os nomes sejam passíveis de serem registados. Deste modo, existe um controlo sobre os nomes registados em Portugal, apesar de ser mais flexível no caso de emigrantes ou pessoas com dupla-nacionalidade. Ainda assim, existem listas de nomes admitidos e de nomes proibidos, algo que divide opiniões.
- Isto faz com que situações que ocorrem noutros países (relativamente aos nomes, claro) não existam em Portugal, desde logo a invenção de nomes (como combinar o nome dos pais num, etc.);
- Apesar de não terem total liberdade de escolha relativamente aos nomes, a verdade é que a generalidade dos pais portugueses preferem não arriscar na hora de escolher o nome da sua criança, tendo preferência pelos nomes populares;
- Um facto interessante é que muitos pais portugueses admitem que gostam de nomes incomuns mas têm receio que um nome impopular possa ser embaraçoso para a criança.
Um nome não é apenas um nome
Existem várias razões que levam um casal a optar por determinado(s) nome(s), tal como existem várias razões que levam alguém a detestar o próprio nome. Já Sigmund Freud escrevia que o nome é uma parte vital da identidade do ser humano. É muito frequente em pessoas que têm nome composto (especialmente conjugações infelizes) utilizarem o segundo nome em vez do primeiro, ou omitirem a existência de um segundo nome. É de realçar que os portugueses ainda gostam muito de nomes compostos.
Contudo, os nomes "incomuns" estão a deixar de o ser, uma vez que a tendência global é escolher nomes cada vez mais "exóticos", muitas vezes retirados da cultura pop (cinema, música, televisão, desporto, etc.). Até no caso português, nomes modernos como Íris e Yara, Enzo e Noah se encontram entre os nomes mais populares, juntamente com os clássicos Maria, Ana, João e José. Até à década de 1960 do século XX, os pais portugueses baseavam-se na religião para escolher os nomes (tanto os pais como os padrinhos ou as madrinhas, o que era uma prática comum). Após a década de 1970 começaram-se a introduzir nomes de origem russa como Sónia, Tânia e Vânia (introduzidos na Europa no início do século por influência dos ballets russos) e iniciou-se, verdadeiramente, uma maior diversificação dos nomes. A cultura pop começou a entranhar-se nas casas portuguesas e hoje observamos que a popularidade dos nomes é influenciada por ela: vários são os nomes que sobem no ranking dependendo da telenovela do momento, como exemplificado pela subida de Mara e Luena, ambas personagens da telenovela da TVI, A Única Mulher (2015 - 2017).
A percentagem de pessoas que não gosta do próprio nome é maior do que se pensa e muitas são as razões. Existem pessoas que sentem uma enorme vergonha de dizer o seu nome em público, que ele seja chamado em voz alta, etc. De um modo geral, interliga-se com o que os outros pensam de nós: afinal o ser humano é um ser social por natureza e existimos em sociedade. Onde estamos inseridos, o nosso meio, o nosso círculo de amizades, tudo isto pesa sobre nós e sobre o nosso julgamento do mundo que nos rodeia e sobre nós próprios... inclusive acerca do nosso nome.
Afinal, porque algumas pessoas não gostam do próprio nome?
- Demasiado popular/aborrecido: Isto pode parecer estranho para pessoas com nomes incomuns e que desejariam que os seus pais tivessem escolhido nomes mais populares na geração em que nasceram. A verdade é que muitas pessoas desgostam que o seu nome seja tão popular porque não promove a sua individualidade, ou seja, é "demasiado comum". Muitos argumentaram que a impressão que têm é falta de originalidade por parte dos seus pais, que não procuraram mais além e se contentaram em registar "o nome que tinham à mão"
- Demasiado impopular/estranho: No pólo oposto do ponto anterior, encontram-se as pessoas com nomes incomuns, que podem ir dos modernos, aos exóticos, ou internacionais ou, mesmo, datados (ou "antiquados"). Ao contrário do anterior, desejariam que os seus pais tivessem optado por um nome mais comum na sua geração
- Bullying: Afecta, essencialmente, pessoas com nomes diferentes da norma, ou, também, com referências à cultura pop que forneçam piadas fáceis: por exemplo, perguntar a um Romeu onde está a Julieta (e vice-versa), associar uma Juliana à sopa e afins. Noutros casos, o bullying pode ser mais agressivo e pode existir mesmo no seio da própria família. Por exemplo, na Inglaterra, 1 em cada 5 avós detesta o nome dos netos, sendo as razões apontadas: nomes demasiado difíceis de pronunciar, parecem "antiquados" ou "inventados" ou o nome escolhido não foi o sugerido por eles
- Embaraçoso e com conotação negativa: interligado com o ponto anterior, aplica-se, geralmente, a nomes cómicos ou com duplo sentido. Nomes com conotação negativa irão fazer com que uma pessoa seja, facilmente, vítima de assédio. Tanto podem considerar o seu nome como "nome de bairro/pobre" ou "nome betinho/rico" (rótulos vazios e preconceituosos) e associar isso a algo negativo e vergonhoso
- Difícil de pronunciar: Pessoas que têm de constantemente soletrar e a explicar como se diz e escreve o próprio nome tendem a desenvolver uma adversão a ele.
- Demasiado étnico: Algumas pessoas não gostam que o seu nome próprio as identifique de imediato como membro de determinada etnia, enquanto outros desejariam ter um nome mais ligado às suas raízes culturais
- Demasiado religioso: Igual ao ponto anterior mas aplicado à religião, por vezes uma religião que não praticam ou na qual não acreditam. Também pode acontecer a pessoa mudar de religião e preferir um nome mais associado ao seu novo estilo de vida
- Pouco internacional: isso relaciona-se com os nomes de difícil pronúncia. Muitas pessoas desejariam ter um nome cujas variantes internacionais fossem semelhantes (por exemplo: Daniel)
O que fazer quando não gosto do meu nome?
- Mudar de Nome
É possível mudar de nome, mas é um processo que envolve muita burocracia e gasto financeiro, muitas vezes dependente da aprovação da conservatória.
Em Portugal, quais os casos de mudança de nome que necessitam de autorização?
- Mudar o nome próprio ou apelidos familiares por uma questão de gosto;
- Mudança de género;
- Manter o nome de casado após o divórcio.
- Mudar de apelido por casamento, adopção ou filiação;
- Rectificar o registo devido a erros da conservatória;
- Renunciar apelidos adoptados no casamento;
- Adoptar o nome inicialmente pretendido pelos pais (cujo registo passou a ser aprovado).
- Utilizar diminutivos/alcunhas
Uma opção gratuita para quem não gosta do próprio nome é utilizar diminutivos ou alcunhas, que tanto podem estar como não relacionados com o próprio nome.
- Utilizar um pseudónimo
Claro que isto só se pode aplicar à carreira profissional. É muito comum especialmente entre actores, músicos e escritores.
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